terça-feira, 9 de março de 2010

A tentação diária


"Posso resistir a tudo, menos à tentação."
By Oscar Wilde

Não assisti o filme Dorian Gray ontem, resolvi largar a preguiça de lado e me jogar na obra de Oscar Wilde. Diante de poucas páginas, ainda no capítulo II, eis que me deparo com uns dizeres do personagem Lorde Henry ao jovem Gray. Levantei uma pergunta mental ao senhor Wilde: devo me entregar ao desejo somente para satisfazer-me?

Leia o trecho abaixo:

Lorde Henry diz ao jovem Gray:
"... Mas o mais valoroso dos seres humanos tem medo de si mesmo. A mutilação do selvagem subsiste tragicamente na renúncia que nos estraga a vida. Somos punidos pelo que enjeitamos. Todo impulso que nos empenhamos em sufocar incuba no nosso espírito e nos envenena. Peque o corpo uma vez, e estará livre do pecado, porque a ação tem um dom purificador. Nada restará então, salvo a lembrança de um prazer; ou a volúpia de um arrependimento. A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Resistamo-lhe, e a nossa alma adoecerá de desejo do que proibimos a nós mesmos, do que as suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilegítimo. Tem-se dito que os grandes acontecimentos do mundo ocorrerem no cérebro. Também é no cérebro, e só nele, que ocorrem os grandes pecados do mundo. O senhor mesmo, senhor Gray, com a sua mocidade cor-de-rosa, a sua adolescência de rosa e leite, teve paixões que o assustaram, pensamentos que o encheram de terror; teve, acordado ou dormindo, sonhos cuja simples lembrança o faz corar de vergonha..." - O Retrato de Dorian Gray, capítulo II.

Será que devo pecar o corpo para me purificar? Não acho isso muito certo não.

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